E apresento a vocês mais um ilustrador talentoso e brasileiro: João Crepaldi!
Seus trabalhos são bem ecléticos e ele usa sem medo diversas técnicas e não se limita ao papel. Na entrevista para o Des1gn'On ele compartilha conosco seus sentimentos e experiência de ser ilustrador.
Sua formação é Marketing, Publicidade e Comunicação. Quando começou a se interessar por desenho e ilustração (e artes plásticas)?
Minha paixão, muito além do interesse, vem desde menino, mas as oportunidades da vida me levaram à formação profissional que tenho hoje. Penso que se tivesse estudado artes e seguido por esse caminho, teria muito mais experiência e conhecimento técnico, coisa que não considero ter hoje por ser autodidata.
Algum profissional – ilustrador(a), artista plástico, desenhista, designer, enfim… – serviu ou serve como inspiração?
Nossa, muitos! Quando criança lembro ter estudado na escola as obras de Jean-Michel Basquiat. Aquela espontaneidade e a sua história pessoal me impressionaram muito, mas com o passar do tempo fui me encantando com outros artistas: Gustav Klimt, Egon Schiele, Van Gogh, entre muitos outros. Também tive muita influência dos quadrinhos e praticamente aprendi a ler com a Turma da Mônica depois passando para os heróis da Marvel e DC. Gosto muito do Laerte, Angeli e André Dahmer, pela capacidade absurda de conseguir transformar uma boa ideia em roteiro prático.
Olhando seus trabalhos de anos atrás e vendo os mais recentes dá para notar uma mudança no estilo. Como foi (ou está sendo) sua busca para achar o seu estilo?
Isso constantemente tira meu sono. Apesar das grandes mudanças, tenho percebido uma estabilização do meu estilo, mas sempre sofro com o problema de gostar de muita coisa e ter várias ideias ao mesmo tempo. Daí, acabo misturando todas as estações e sentindo a necessidade de experimentar tudo, apesar da falta de tempo.
E como é o processo criativo? Como é “criar do nada”?
O melhor aliado para mim é o “sketchbook”. Sempre tenho um insight nos lugares mais absurdos e se ele não está à mão, provavelmente acabo esquecendo. Mas invariavelmente estou ouvindo música ou caminhando quando isso acontece.
Em algum momento temos aquele branco, o famoso bloqueio criativo. O que você costuma fazer para “destravar”?
O branco vem quando estou confortavelmente sentado em frente ao papel para desenhar. Desconfio que esse conforto que me bloqueia, daí a necessidade de andar e escutar música.
Tem muita gente que critica o uso de programas por achar que qualquer pessoa pode desenhar. O que você acha disso?
Não censuro isso não. Cada um se vira como pode, não é? Sempre vale lembrar que o programa não faz nada sozinho se a “pecinha” da frente não comandar. rsss
Suas ilustrações são bem ecléticas. É reflexo de sua personalidade?
Ou da instabilidade. Rss Acho que um pouco dos dois.
Como se sente quando está criando?
Passado o momento em que elaborei a ideia no “sketchbook”, na hora da mão na massa mesmo, me sinto superfocado e o tempo voa. Pintando então nem se fala.
Cada vez mais vemos intervenções urbanas tomando conta de praças, muros e pequenos detalhes urbanos que agora ganham vida. Como é a experiência de levar seus traços para o espaço urbano?
Até um tempo atrás isso me parecia algo bastante distante. Admirava muito os grafiteiros, mas nunca conseguia me imaginar fazendo um trabalho em grandes dimensões a ponto de ser visto por todos nas ruas. Até que um dia fui convidado pelo talentosíssimo grafiteiro L7m, super conceituado no cenário mundial das artes urbanas e resolvi experimentar.
E assumo, amei. A sensação é indescritível quando alguém comenta que viu meu trabalho no muro tal, perto de não sei onde. É bastante gratificante e democrático.
Algum conselho para quem está começando agora ou tem dúvidas sobre a carreira de ilustrador?
Meu primeiro conselho é estudar arte. Além de enriquecer demais quem pretende trilhar esse caminho, abre muitas portas que não são abertas aos autodidatas como eu. E o segundo é nunca desistir, pois se você não desenvolver seus talentos academicamente, o que tem a fazer é cansar o braço e correr atrás.
37Salão Humor Inter PiracicabaPara conhecer mais o trabalho você pode ver o blog ou o facebook do João Crepaldi.
Até a próxima!